quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


O que fazer quando nossas ações contrariam nossos discursos? Quando não somos fiéis como dizemos ser, ou verdadeiros como dizemos ser? Porém, o que é pior: o que fazer quando descobrem isso?
Ser exposto à sua verdade é horrível. Ninguém gosta de ver o quanto é uma fraude. Porém, todos nós somos fraudes ambulantes, dizendo fazer o que não fazemos, acreditar no que não acreditamos. Escondemos nosso verdadeiro “eu” para que as pessoas à nossa volta possam achar que somos melhores. Queremos ser aceitos.
Ou, pior, escondemo-nos com o intuito claro de obter alguma vantagem.
Eu valorizo a honestidade e a confiança. Valorizo a transparência nas relações com as pessoas, mas eu sou transparente? Sou totalmente honesto e digno de confiança? Quando me avalio, chego à conclusão que não sou.
Não tenho problemas de autocrítica. Ao contrário, tenho uma ponta de soberba que me impede de ver meus erros à primeira vista. Preciso ser exposto a eles para poder ser transformado.
E não sou sempre eu que me exponho. Aliás, nenhum de nós expõe o próprio erro para si mesmo. Todos nós fingimos que somos alguém que não somos e, no palco da nossa vida, o espectador que mais queremos agradar é a gente mesmo. Nós queremos acreditar no conto de fadas que nós mesmos contamos.
Preguiçoso, orgulhoso, mentiroso, presunçoso, prepotente, egoísta, desonesto, invejoso, vazio. É contra esta personalidade que preciso lutar todos os dias quando acordo. Este é o monstro que eu combato todos os dias, e não os outros. Infelizmente, em grande parte das vezes, eu perco a luta.
Diferente do que dizia Sartre, o inferno não são os outros, mas nós mesmos, que colocamos máscaras para vivermos em sociedade e somos sufocados, pois as máscaras que usamos não têm escape de ar e, muitas vezes, nem um pingo de realidade nos resta. Nem um sequer.
Jesus trata esta personalidade como “velho homem”. É a pessoa que nós somos antes de permitir que Ele tire a nossa máscara. São formas de ver o mundo e viver que não agradam ao Senhor. São características que não fazem parte da mente de Cristo.
Quando eu minto, estou indo contra minha nova natureza, por isso a minha consciência me cobra tão caro. Eu não deveria ser assim, mas “manso e humilde”, como Jesus.
Porém, não sou nem tão manso e nem tão humilde quanto deveria ser, nem tão inteligente quanto meus amigos pensam que sou, nem tão interessante quanto minha esposa me faz acreditar. Sinto-me, na verdade, como um ótimo ator, interpretando vários papéis ao mesmo tempo, esperando pelo momento derradeiro em que a cortina se fechará e eu poderei tirar a máscara e respirar o ar puro da transparência, e não o ar viciado da hipocrisia.
Porém, não acho que seja fácil assim. Confeccionei as máscaras durante toda a vida e agora fica difícil simplesmente lançá-las fora. Eu, personagem de mim mesmo, não sou, sequer, quem penso que sou. Sou uma incógnita até para mim mesmo. Uma pergunta que não sei responder.
Não sou amigo de fofocas, mas deixo meus ouvidos extremamente alertas para qualquer assunto sendo falado à minha volta. Não gosto de mentiras, mas sou o primeiro a mentir sobre diversas coisas que não sei e que, para não sujar a imagem de inteligente que as pessoas têm sobre mim, digo que sei, dando uma explicação cheia de suposições e conceitos. Não aceito que ajam com violência comigo, mas sou o primeiro a gritar quando acuado. E nunca consigo ver o quanto isso machuca aqueles que estão à minha volta.
Quero e vou mudar. Estou buscando me livrar destas máscaras, mas é como se estivessem costuradas ao rosto, prendendo-me a esta mentira sufocante que sou eu mesmo. Nem lembro mais do meu rosto aqui em baixo, não sei quem sou, ou quais sentimentos realmente me motivam, mas quero ser transparente. Até para mim ainda sou um mistério.
Agir diferente do que ajo? Não sei. Não seria isso outra máscara que me forço a colocar para parecer mais autêntico? Por isso esta viagem dentro de mim mesmo, para saber quem sou de verdade por baixo da máscara sob a qual escolhi viver tanto tempo.
Claro que há pontos onde há honestidade em mim, e não vou fechar o post sem, pelo menos, falar de alguns deles.
Perdôo com facilidade, amo intensamente as pessoas que me cercam, deixando de lado seus defeitos. Por mais estranho que pareça, tenho uma esperança infantil (quase ridícula, eu diria) na humanidade. Ponho fé na capacidade das pessoas de vencer desafios maiores do que parecem. Isto é real em mim.
Meu amor por Deus é real, meu amor por minha esposa é real, o respeito que nutro por pessoas mais velhas é real, a esperança nos mais jovens é real. Sou de uma geração errática, que nasceu entre duas revoluções. Uma social e a outra convencional (de convenções, e não comum). Somos a geração perdida dos anos 80, aqueles que cresceram entre as “Diretas Já” e os “Caras Pintadas”. A maioria de nós não faz questão de fazer a diferença neste mundo.
Mas não quero que seja assim comigo. Não. Preciso tirar as máscaras para que saibam que sei quem sou, e, mesmo que me aterrorize comigo mesmo, eu possa entender por que sou assim.

3 comentários:

  1. Oi Thiago.
    O blog Apologética - Sola Scriptura tem uma homenagem especial para você pelo seu belo trabalho por meio deste blog. Acesse já: http://defesa-da-fe.blogspot.com
    Um abraço.
    Carlos Henrique

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  2. Meu irmão infelizmente as máscaras tem feito parte de nossas vidas com Deus,mas creio que é tempo de renovo para a igreja e libertação.Eu mesmo já fui liberta de muitas rsrsrs.Deus abençoe muito a usa vida e que este lugar seja usado para jesus.

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  3. Preciso ser exposto a eles para poder ser transformado. (tixipá)

    Diferente do que dizia Sartre, o inferno não são os outros, mas nós mesmos, que colocamos máscaras para vivermos em sociedade e somos sufocados, pois as máscaras que usamos não têm escape de ar e, muitas vezes, nem um pingo de realidade nos resta. Nem um sequer.

    Jesus trata esta personalidade como “velho homem”.

    Preciso tirar as máscaras para que saibam que sei quem sou, e, mesmo que me aterrorize comigo mesmo, eu possa entender por que sou assim.


    Ps. lembrei de outra música

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