A capa da controversa "revista"
Acho que já deu prá notar por alguns posts abaixo que sou fã de quadrinhos. É uma paixão que trago da infância.
Pois bem. Lendo tranquilamente o www.omelete.com.br me deparei com a notícia de que tem gente reclamando da inclusão de um livro do grande autor Will Eisner (que, junto de Alan Morre e de Frank Miller forma a santíssima trindade dos quadrinhos adultos) nas bibliotecas públicas escolares em São Paulo e Paraná.
Eu leio Eisner desde criança. Spirit me iniciou nos quadrinhos, Fajin me mostrou o universo dos quadrinhos adultos e outros trabalhos dele sempre se mostraram tocantes e profundos no que diz respeito a algo que os quadrinhos, até a chegada dele, não valorizava: a representação da realidade.
Acompanhei a polêmica sobre outro livro que também cortaram, a coletânea brasileira “Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol”, para cujo corte eu dou total apoio e respaldo. Esta coletânea tem como objetivo e propósito ser um livro de humor, e não trazer qualquer esclarecimento acerca do futebol. As palavras de baixo calão entram despropositadas, como em uma conversa de bar, o que não se encaixa no ensino acadêmico.
“Dez na área” não é um livro que se pode considerar “didático”, diferente de outras obras, como “Persépolis”, de Marjani Satrapi, que fala sobre a ascensão do regime Xiita no Irã no final do século XX, ou “Maus”, de Art Spiegelman, que recebeu um Pulitzer contando a história do pai do autor, judeu, preso em um campo de concentração. “Dez na área” não pode estar em prateleiras escolares, apesar de ser uma grande obra escrita por brasileiros, com humor, vezes refinado e vezes escatológico e raríssimo senso de propósito, mostrando como nosso amor pelo futebol se mistura com a vida.
O livro de Eisner, “Contrato com Deus”, não se encaixa neste viés. Quem conhece a verdadeira literatura de quadrinhos sabe que este é um título marcante para a história da arte seqüencial e sabe o quanto a narrativa contundente e precisa pode ser esclarecedora acerca de fatos, que acontecem em nosso país.
“Contrato” não finge que o mal não existe. Ao contrário, nos confronta com ele, mostrando o quanto nós mesmos somos sujeitos a executa-lo. Eisner não justifica, nem tenta proteger os profanadores da pureza. É com crueza e seriedade que mostra, sim, cenas fortes, que, infelizmente, muitas de nossas crianças estão cansadas de ver em suas casas.
O fato é que, contando uma história, Eisner fatia o coração dos leitores por expo-los a personagens que imaginamos ser bons, mas descobrimos repulsivos.
Fico triste que esta dualidade não interesse aos educadores brasileiros, que sempre valorizaram obras como “O Cortiço” de Aluísio de Azevedo, ou “Dona Flor e seus dois maridos”, de Jorge Amado, onde cenas de sexo são descritas de forma clara e aberta. Interessante que li “Lolita”, de Vladmir Nabokov pela primeira vez em uma biblioteca pública.
São as imagens que incomodam? Liguem suas TVs à noite. Vejam as novelas que tratam de “assuntos atuais” e digam-me que Eisner continua sendo impróprio.
Fico triste ao ver o moralismo exacerbado de certos irmãos querendo discutir o que não conhecem. Eu posso falar de quadrinhos. Eu os leio desde sempre e não deixei de Le-los por conta de Jesus.
Nossos líderes foram queimados por Judeus nos primeiros séculos. Fomos perseguidos pela inquisição anos depois. Tivemos nossos livros queimados em praças na Alemanha nazista, fomos rejeitados, rechaçados, afastados, chutados, humilhados, cuspidos e censurados por onde passamos. Hoje, sendo aceitos pela sociedade, a única voz que temos é a daqueles que censuram, humilham, rechaçam, refugam, chutam (literalmente) e cospem com o mesmo vigor com que sofreram tais perseguições.
É pena. Perdem por não querer crescer e aprender. Eu não tenho vergonha de ser crente, mas de, infelizmente, ser comparado a alguns destes “personagens” interessantes que temos no mundo gospel. Nossa irrelevância neste mundo chegou a níveis tais que somos mais motivo de chacota, por nossas “excentricidades” do que de crítica por nossos posicionamentos. A solidez dos argumentos de alguns de nossos “porta-vozes” pode ser comparada à espuma do mar, ou ao vento que sopra. Quase igual a zero.
Leiam Eisner antes de falar dele. Não critiquem o que não conhecem. Quadrinhos são arte, como literatura ou cinema, e a arte é a livre expressão da realidade que nos permeia, interpretada pelos olhos daqueles que a vêem.
Cristãos, cresçam e lutem por causas que valem a pena, pelo amor de Deus.
Pois bem. Lendo tranquilamente o www.omelete.com.br me deparei com a notícia de que tem gente reclamando da inclusão de um livro do grande autor Will Eisner (que, junto de Alan Morre e de Frank Miller forma a santíssima trindade dos quadrinhos adultos) nas bibliotecas públicas escolares em São Paulo e Paraná.
Eu leio Eisner desde criança. Spirit me iniciou nos quadrinhos, Fajin me mostrou o universo dos quadrinhos adultos e outros trabalhos dele sempre se mostraram tocantes e profundos no que diz respeito a algo que os quadrinhos, até a chegada dele, não valorizava: a representação da realidade.
Acompanhei a polêmica sobre outro livro que também cortaram, a coletânea brasileira “Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol”, para cujo corte eu dou total apoio e respaldo. Esta coletânea tem como objetivo e propósito ser um livro de humor, e não trazer qualquer esclarecimento acerca do futebol. As palavras de baixo calão entram despropositadas, como em uma conversa de bar, o que não se encaixa no ensino acadêmico.
“Dez na área” não é um livro que se pode considerar “didático”, diferente de outras obras, como “Persépolis”, de Marjani Satrapi, que fala sobre a ascensão do regime Xiita no Irã no final do século XX, ou “Maus”, de Art Spiegelman, que recebeu um Pulitzer contando a história do pai do autor, judeu, preso em um campo de concentração. “Dez na área” não pode estar em prateleiras escolares, apesar de ser uma grande obra escrita por brasileiros, com humor, vezes refinado e vezes escatológico e raríssimo senso de propósito, mostrando como nosso amor pelo futebol se mistura com a vida.
O livro de Eisner, “Contrato com Deus”, não se encaixa neste viés. Quem conhece a verdadeira literatura de quadrinhos sabe que este é um título marcante para a história da arte seqüencial e sabe o quanto a narrativa contundente e precisa pode ser esclarecedora acerca de fatos, que acontecem em nosso país.
“Contrato” não finge que o mal não existe. Ao contrário, nos confronta com ele, mostrando o quanto nós mesmos somos sujeitos a executa-lo. Eisner não justifica, nem tenta proteger os profanadores da pureza. É com crueza e seriedade que mostra, sim, cenas fortes, que, infelizmente, muitas de nossas crianças estão cansadas de ver em suas casas.
O fato é que, contando uma história, Eisner fatia o coração dos leitores por expo-los a personagens que imaginamos ser bons, mas descobrimos repulsivos.
Fico triste que esta dualidade não interesse aos educadores brasileiros, que sempre valorizaram obras como “O Cortiço” de Aluísio de Azevedo, ou “Dona Flor e seus dois maridos”, de Jorge Amado, onde cenas de sexo são descritas de forma clara e aberta. Interessante que li “Lolita”, de Vladmir Nabokov pela primeira vez em uma biblioteca pública.
São as imagens que incomodam? Liguem suas TVs à noite. Vejam as novelas que tratam de “assuntos atuais” e digam-me que Eisner continua sendo impróprio.
Fico triste ao ver o moralismo exacerbado de certos irmãos querendo discutir o que não conhecem. Eu posso falar de quadrinhos. Eu os leio desde sempre e não deixei de Le-los por conta de Jesus.
Nossos líderes foram queimados por Judeus nos primeiros séculos. Fomos perseguidos pela inquisição anos depois. Tivemos nossos livros queimados em praças na Alemanha nazista, fomos rejeitados, rechaçados, afastados, chutados, humilhados, cuspidos e censurados por onde passamos. Hoje, sendo aceitos pela sociedade, a única voz que temos é a daqueles que censuram, humilham, rechaçam, refugam, chutam (literalmente) e cospem com o mesmo vigor com que sofreram tais perseguições.
É pena. Perdem por não querer crescer e aprender. Eu não tenho vergonha de ser crente, mas de, infelizmente, ser comparado a alguns destes “personagens” interessantes que temos no mundo gospel. Nossa irrelevância neste mundo chegou a níveis tais que somos mais motivo de chacota, por nossas “excentricidades” do que de crítica por nossos posicionamentos. A solidez dos argumentos de alguns de nossos “porta-vozes” pode ser comparada à espuma do mar, ou ao vento que sopra. Quase igual a zero.
Leiam Eisner antes de falar dele. Não critiquem o que não conhecem. Quadrinhos são arte, como literatura ou cinema, e a arte é a livre expressão da realidade que nos permeia, interpretada pelos olhos daqueles que a vêem.
Cristãos, cresçam e lutem por causas que valem a pena, pelo amor de Deus.
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