segunda-feira, 22 de junho de 2009

Momento Mágico












(clique no título para ouvir a música)
(clique na foto e conheça a fundação Cartier Bresson)
(Foto de Henri Cartier Bresson, aquele que resume o que é momento mágico)

Sou cinegrafista há alguns anos e venho filmando eventos sociais e, por isso, tenho visto muita gente em seus momentos mais felizes. Não faço pelo dinheiro, que é pouco, mas pelo prazer de ver o sorriso de um noivo, uma lágrima no rosto de uma mãe, as mãozinhas de uma criança estendendo seus dedos e dizendo, ali, quantos anos está fazendo. Esta mágica, presente nestes momentos, me faz ver o quanto vale a pena viver.
A vida não é feita de felicidade eterna, nem de eterno tormento, mas de um mix com estas duas pontas e um monte de outras coisas no meio. Alegrias, surpresas, amizades, sentimentos, mortes, perdas, derrotas e vitórias, misturadas e entregues em nossas mãos. Quando bebemos a vida, não sabemos o que virá, mas podemos prever que o sabor final pode ser bom.
Registrar as pessoas em seus melhores momentos é uma oportunidade única de olhar para a felicidade dos outros em busca da sua. Me deixa feliz ver um noivo apaixonado, esperando, ansioso no altar, pelo seu objeto de desejo. Suas mãos transpiram, seus olhos não param, seus pés balançam em uma dança alegre de quem não sabe dançar.
Da mesma forma, a mãe que carrega seu filho nos braços para trás da mesa decorada, cercada por amigos cantando os melhores desejos para a criança. Para todos nós, “é pique!” perdeu um pouco do valor, mas para crianças é algo especial.
Estive em um casamento no sábado passado. Casal apaixonado, convidados felizes. Parecia uma festa como outra qualquer. Aí colocaram para tocar uma música especial para o casal e para os amigos.
Algumas imagens deveriam passar em câmera lenta diante dos nossos olhos para que pudéssemos captar sua mensagem de forma mais clara, mas não. Quando a música tocou, era como se crianças avançassem para a pista de dança, correndo entre cadeiras, avançando entre os outros convidados, pulando, sorrindo, cantando junto. Todos em uma mesma sintonia.
Tive uma súbita impressão de infância lembrada, momento mágico, coisa única, como se algo perdido no passado fosse reencontrado. Algo como quando jogo um io-iô e vejo algum sentido em minha vida quando ele desce e sobe em velocidade vertiginosa (era a única coisa que eu sabia jogar quando criança). Como se, voltando ao tempo da infância, encontrássemos o ar necessário para conseguir respirar no meio do mundo dos adultos.
Enquanto Billy Paul cantava, aquelas crianças grandes pulavam ao som do seu ôôôô recordando outros tempos. Para outros convidados aquilo não fez diferença, mas para eles, era um momento único.
Cartier-Bresson resume em suas imagens o que é o “momento mágico”, aquele milésimo de segundo que ficará registrado eternamente no nitrato de prata sobre o papel (por isso a imagem, um dos melhores retratos da infância que eu já vi). A revelação que tive naquele momento é a mesma de quando jogo iô-iô: carpe diem! Aproveite a vida enquanto a tem! Deus nos colocou neste mundo para sermos felizes, completos, plenos, cheios de vida e significado. Momentos como este se revestem de significado especial, e, enquanto virem o DVD, aqueles noivos e aqueles amigos lembrarão de cada momento mágico daquela festa, e cada sensação que lhes vier à memória me deixará deveras feliz por conta do resultado alcançado.

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